Deputados pedem cassação de Nikolas Ferreira por discurso transfóbico em sessão da Câmara

Por Br Hoje
9 de março de 2023
Nikolas Ferreira/ Foto Reprodução

No Dia Internacional da Mulher, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) usou a tribuna da Câmara para criticar o feminismo e acabou entrando em polêmica ao mencionar mulheres transsexuais durante seu tempo de fala. A atitude do deputado foi apontada como transfobia por parlamentares e provocou constrangimento na sessão que, por causa da data especial, era presidida pela deputada Maria do Rosário (PT-RS).

Usando uma peruca loura, ele se apresentou como “deputada Nikole” e, em tom de deboche, criticou o movimento de direitos das mulheres, disse que estão perdendo espaço para homens que se sentem mulheres, e defendeu que elas “retomem a feminilidade concebendo filhos e casando”.

“Hoje, dia internacional das mulheres, a esquerda disse que eu não poderia falar porque eu não estava no meu local de fala, então eu solucionei esse problema aqui. Hoje, eu me sinto mulher, deputada Nikole”, disse, colocando na cabeça uma peruca loura.

Durante discurso na tribuna, o parlamentar mineiro afirmou que o feminismo “exalta mulheres que não fizeram nada pelas mulheres”. O deputado propôs que as mulheres tenham outra postura.

“Mulheres, retomem a sua feminilidade, tenham filhos, amem a maternidade. Formem a sua família, porque é dessa forma, vocês colocarão luz no mundo e serão, com certeza, mulheres valorosas”, afirmou.

Nikolas declarou que o lugar das mulheres está sendo roubado por homens que se sentem mulheres.

Ao final do discurso, Maria do Rosário evitou citar nominalmente o parlamentar e pediu aos colegas uma “sessão respeitosa” por conta da data especial para as mulheres.

“Eu peço licença aos senhores, eu não concederei o microfone de aparte neste momento. Porque eu não quero este plenário no dia 8 de março com dificuldades. Eu quero que vossas excelências respeitem essa presidência. Eu concederei o microfone de apartes exclusivamente, para as mulheres. Porque o objetivo dessa sessão, é que elas usem da palavra”, completou.

A sessão da Câmara nesta semana teve destaque para pautas voltadas às mulheres e foi presidida interinamente por deputadas. A Casa, que tem quase 200 anos de existência, nunca elegeu uma mulher à presidência. As mulheres são 51,1% da população brasileira, mas na Câmara, elas apenas ocupam apenas 91 cadeiras, isto é, 18% do total (513 assentos). O Senado e os ministérios da Defesa, da Justiça e das Relações Exteriores também nunca foram comandados por mulheres.

A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) relatou que vai entrar com pedido de cassação do deputado pela fala transfóbica. A bancada do PSOL também anunciou que apresentaria pedido de cassação do parlamentar e notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal (STF).

“Estamos falando de um homem, que no Dia Internacional da Mulher, tirou o nosso tempo de fala para trazer uma fala preconceituosa, criminosa, absurda e nojenta. A transfobia ultrapassa a liberdade de discurso que é garantida pela imunidade parlamentar. Transfobia é crime no Brasil”, apontou.

Nikolas retrucou: “Não precisa ter mais diálogo. Tudo agora é cassação”.

À noite, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), publicou em redes sociais uma “reprimenda pública” a Nikolas.

“O Plenário da Câmara dos Deputados não é palco para exibicionismo e muito menos discursos preconceituosos. Não admitirei o desrespeito contra ninguém. O deputado Nikolas Ferreira merece minha reprimenda pública por sua atitude no dia de hoje”, escreveu.

 

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