Jair Bolsonaro arrecada oito vezes mais do que seu patrimônio declarado

Por Br Hoje
29 de julho de 2023
Fabio Rodrigues Pozzebom

Em um relatório registrado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), foi revelado que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) arrecadou a quantia de R$ 17,1 milhões por meio de transferências Pix. Esse montante é oito vezes superior ao valor declarado por Bolsonaro em seu patrimônio ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que era de R$ 2,3 milhões, quando se candidatou na eleição anterior.

O valor arrecadado pelo ex-presidente no Pix foi revelado pelo jornal Folha de S.Paulo. Segundo a publicação, o valor arrecadado também seria suficiente para quitar cerca de 17 vezes as multas que foram impostas aos apoiadores do ex-presidente em um evento de “vaquinha” realizada no mês passado. Essas multas foram resultado de processos judiciais e outras eventuais penalidades.

As transferências milionárias foram realizadas em 769 mil transações, feitas para a conta do ex-presidente durante um período de seis meses, de janeiro a julho deste ano. O Coaf considerou as movimentações atípicas, possivelmente relacionadas à campanha de arrecadação feita por apoiadores para auxiliar Bolsonaro no pagamento das multas judiciais.

Questionado pela imprensa, o ex-presidente limitou-se a afirmar que já conseguiu arrecadar dinheiro suficiente para quitar todas as multas que recebeu e eventuais penalidades futuras. Na época, dados da Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo apontaram que Bolsonaro enfrentaria o pagamento de R$ 1.062.416,65 em sete multas acumuladas nos anos de 2021 e 2022.

O montante arrecadado por Bolsonaro através do Pix também impressiona em comparação com outros gastos ou investimentos. Por exemplo, ele pagaria três vezes o valor das joias doadas pela Arábia Saudita, avaliadas em R$ 5,1 milhões pela Polícia Federal, após serem apreendidas pela Receita Federal durante uma comitiva do governo Bolsonaro no Aeroporto de Guarulhos (SP) em 2021. Além disso, os R$ 17,1 milhões quase equivalem à totalidade do valor que circulou nas contas bancárias de Bolsonaro em 2023, que foi de R$ 18.498.532.

A “vaquinha” para o ex-presidente teve início após o julgamento do TSE que o deixou inelegível. Parlamentares do PL foram os principais responsáveis por movimentar a campanha, com deputados federais como Nikolas Ferreira (MG), Mário Frias (SP), Gustavo Gayer (GO), André Fernandes (CE) e o deputado estadual Bruno Engler (MG) pedindo contribuições financeiras através de suas redes sociais.

O relatório do Coaf também trouxe à tona uma movimentação financeira considerada “incompatível” nas contas de uma empresa suspeita de financiar despesas pessoais da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A empresa em questão é a Cedro do Líbano Comércio de Madeira e Materiais para Construção, que está sob investigação.

Com informações do Estadão via UOL

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