O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, foi preso nesta quinta-feira (8) na operação da Polícia Federal (PF) que investiga se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados tramaram uma tentativa de golpe de Estado em 2022. Ele foi levado para a sede da PF em Brasília.
Valdemar foi preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo. O político era inicialmente alvo de mandado de busca e apreensão na operação Tempus Veriratis, que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado e de abolição do Estado Democrático de Direito no Brasil.
Segundo informações do g1, a arma encontrada na residência do presidente do PL estava com a documentação vencida e era registrada no nome do filho de Valdemar. O flagrante se deu enquanto os agentes da PF faziam buscas em um dos endereços do político.
Valdemar foi incluído na operação a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). A justificativa foi que a PF apurou que os investigados teriam usado o comitê de campanha do PL, em 6 de dezembro do ano passado, para fazer ajustes à minuta do golpe.
“A partir desses elementos e de outros coligidos nas investigações, a autoridade policial aponta a existência de indícios de envolvimento do Partido Liberal, por meio de seu represente máximo, Valdemar Costa Neto, no esquema que apura”, diz o documento assinado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet.
A prisão de Costa Neto ocorre em meio a movimentos de parlamentares para tentar limitar a atuação do STF. O presidente do Senado Federal (e do Congresso Nacional), Rodrigo Pacheco (PSD-MG), defende a aprovação de projetos que propõem a criação de mandatos para os ministros da Corte e a limitação de decisões monocráticas.
Operação Tempus Veritatis
A PF cumpre 33 mandados de busca e apreensão, 4 mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares na operação Tempus Veritatis. As cautelares incluem a proibição de manter contato com os demais investigados; a proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes em até 24 horas; e a suspensão do exercício de funções públicas.
Entre os alvos da PF estão, além de Valdemar Costa Neto: o general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro nas eleições de 2022; o general da reserva Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-comandante do Exército; e Tércio Arnaud Thomaz, ex-assessor de Bolsonaro, apontado como um dos principais nomes do chamado “gabinete do ódio” instalado no Palácio do Planalto durante a gestão anterior.
Até o momento também foram presos na operação Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro, e Marcelo Câmara, coronel do Exército e ex-assessor especial do político. As medidas judiciais foram determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito das milícias digitais.
Bolsonaro também foi alvo de medidas restritivas. Moraes proibiu o ex-presidente de entrar em contato com investigados e determinou que ele entregue seu passaporte em até 24 horas.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Bolsonaro disse estar sofrendo “uma perseguição implacável”. “Me esqueçam, já tem outro governando o país”, disse o ex-presidente em chamada por vídeo. Bolsonaro já foi condenado pelo TSE e está inelegível até 2030 por ataques e disseminação de informações falsas sobre o sistema eleitoral.
Fonte: Reuters