Esposa do líder de quadrilha entregou esquema contra o Santander

Por Br Hoje
5 de setembro de 2023
Ângela Terto e Anderson Ranchel

A esposa de um dos suspeitos presos na Operação Prodígio nesta terça-feira (5), que não teve seu nome informado, denunciou fraude do grupo após sofrer violência doméstica do marido. 30 pessoas foram presas suspeitas de integrar o esquema de fraude bancária que causou prejuízo de R$ 19 milhões a instituições financeiras no Brasil. O g1 não conseguiu contato com as defesas dos investigados.

Conforme o delegado Anchieta Nery, diretor de inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP), os envolvidos na fraude, muitos com idades entre 18 e 21 anos, diziam aos bancos ter profissões que não condiziam com as idades. O objetivo era justificar a grande movimentação financeira, compatível com a renda de profissionais bem remunerados.

Um dos exemplos é de uma jovem de 19 anos que informou ser médica obstetra – a formação para a especialidade dura pelo menos três anos, além dos seis da graduação, ou seja, ela precisaria ter iniciado a graduação com 10 anos de idade.

“Eles sabiam que algumas profissões poderiam importar no score maior, como médico, engenheiro e atleta profissional”, explicou.

Após uma série de desconfianças da gerência do banco, que iam do número de contas abertas até a idade de alguns clientes, a Polícia foi acionada. Os gerentes suspeitaram quando clientes, que se identificavam como médicos residentes, por exemplo, iam ao espaço físico do banco, tendo cerca de 18 anos.

“O pessoal que trabalha no sistema financeiro é um pessoal muito vivo, identifica uma fraude muito rápido. E quando esse pessoal que iniciava a vida, o relacionamento com o banco, no ambiente digital, ia tentar resolver algo presencial dentro de uma agência, aquilo despertava atenção. Então, um gerente chegou a abordar uma moça dessas”, contou o delegado Anchieta Nery.

Junto disso, a esposa de um dos suspeitos, agredida por ele, denunciou a agressão e as fraudes após mais um episódio de violência.

Investigação

A operação deflagrada pela Superintendência de Operações Integradas (SOI), e Diretorias de Inteligência da SSP-PI e PC-PI iniciou com uma investigação há mais de um ano e meio. A instituição financeira prejudicada denunciou à diretoria de segurança do banco que detectou a fraude e acionou a PC-PI.

A ação deu cumprimento a 25 mandados de busca e apreensão e 30 mandados de prisão temporária nas cidades de Teresina, Floriano, Amarante e Nazaré do Piauí. Ao final do Inquérito Policial a PCPI compartilhará provas com outros Estados e novas prisões podem ocorrer.

Dinâmica do esquema fraudulento

As investigações apontam que quatro subgrupos foram montados para a realização das fraudes. Anderson Ranchel Dias de Sousa liderava o primeiro, Diana Mayara da Costa Reis e Handson Ferreira Barbosa o segundo, Vitória Ferreira do Nascimento e Sávio Máximo de Sousa Andrade o terceiro, e Ilgner Oliveira Bueno Lima o quarto. O g1 não conseguiu contato com as defesas dos investigados.

A dinâmica apresentada pela Polícia Civil do Piauí aponta que o esquema funcionava da seguinte maneira:

Os suspeitos falsificavam suas informações cadastrais no momento de abertura da conta, se apresentando como clientes de alta renda;

Após a ação, realizavam compras em estabelecimentos de origem duvidosa ou efetuavam pagamentos de títulos de valores elevados utilizando cartão de crédito, simulando um padrão econômico falso;

Com as operações simuladas, o sistema de crédito do banco em questão liberava os empréstimos de valor elevado. Com isso, o cliente quitava o empréstimo anterior, pagava as faturas de crédito em aberto e por fim, transferia o valor restante para contas próprias ou de terceiros

O ciclo é repetido até o cliente cessar o pagamento do empréstimo, o que trazia prejuízo a empresa.

Operação

A Polícia Civil do Piauí (PC-PI) prendeu nesta terça-feira (5) pai e filho e mais quase 30 pessoas suspeitas de integrar um esquema de fraude bancária que causou prejuízo de R$ 19 milhões a uma instituição financeira no Brasil. Desse valor, R$ 6 milhões são relacionados a fraudes praticadas em contas bancárias de agências localizadas no Piauí.

Fonte: G1

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