Robert Rios depõe na Câmara e reafirma denúncias contra Prefeitura de Teresina

Por Br Hoje
16 de fevereiro de 2023
Robert Rios/ Foto: Lucas Dias

O vice-prefeito de Teresina, Robert Rios, depôs na Câmara dos Vereadores, à comissão especial criada para apurar denúncias contra a Prefeitura de Teresina (PMT) e a Fundação Municipal de Saúde, contra a compra de insumos sem empenho, no valor de R$ 83 milhões. O depoimento foi dado no plenário da Casa nesta quinta-feira (16). Até o momento, a Prefeitura de Teresina não se pronunciou sobre as denúncias.

19 vereadores participaram do depoimento, dentre eles o presidente da Câmara, Enzo Samuel (PDT). A mesa foi presidida pelo presidente da comissão especial, Deolindo Moura (PT), e pelo relator Leonardo Eulalio (PL). Também estiveram presentes representantes do Ministério Público do Piauí (MP-PI).

Durante o depoimento, o vice-prefeito reafirmou aos vereadores que haviam compras feitas pela Fundação Municipal de Saúde sem o regular empenho dos valores, e que com essas compras irregulares a prefeitura teria gasto cerca de R$ 83 milhões.

“Todos os gestores tiveram as suas comissões canceladas e centralizadas nas mãos de uma pessoa da família do Dr. Pessoa. Apresento aqui um áudio que mostra que servidores tinham ciência das compras sem empenho e queriam destruir provas. Mas aqui estou eu, provando”, afirmou Robert Rios.

No áudio apresentado pelo vice-prefeito Robert Rios, uma pessoa que ele afirma ser servidor da Prefeitura relata que queriam nomeá-lo para uma função não especificada para lidar com as cotas de recursos, que estariam relacionadas à soma de R$ 82 milhões. Ele continua afirmando que “não vai empenhar uma despesa que já foi paga”, dando a entender que o dinheiro havia sido gasto sem ser devidamente empenhando.

O vice-prefeito não disse quem seria a pessoa que fala na gravação, e nem detalhou quem seriam outras pessoas citadas por ele.

‘Eu estava servindo de enfeite’, diz vice-prefeito

Rios destacou ainda que hospitais da capital estão sofrendo com falta de insumos básicos e que considera essa “a maior irregularidade na saúde pública na cidade de Teresina”.

“A Covid-19 cedeu, mas os custos não estão cedendo. Imaginei que os custos voltariam ao que gastávamos antes da pandemia. Deixamos de investir na educação, nos professores e na geração de emprego e renda. A Constituição fala que é obrigação da Prefeitura colocar 15% da receita pública na saúde. Estamos colocando mais do que o dobro”, denunciou.

Ao ser questionado sobre o mandato que exercia, o vice-prefeito ressaltou que não mandava em nada.

“Eu estava servindo de enfeite. Percebi que a cidade estava pensando que eu estava no comando. Se eu estivesse no comando eu teria baixado um decreto e colocava todo aquele povo pra fora”, enfatizou.

Denúncias do fluxo de dinheiro

Robert Rios afirmou não saber para onde o dinheiro foi, já que a FMS tem muitas fontes para receber verba, e que a investigação deve se intensificar nesses casos. Ele disse que uma auditoria deveria ser feita para identificar qual foi o destino do dinheiro.

“A Fundação de Saúde é uma compradora de serviço. Recebe dinheiro de muitas fontes, como o Sistema Unificado de Saúde (SUS), do orçamento do município, emendas e de servido que presta. Essa auditoria deve fazer um levantamento da folha de pagamento. Se fizessem outra auditoria sobre os serviços comprados pela fundação, vai aparecer coisa”, disse.

Ele questionou ainda a razão da falta de medicamentos nos hospitais e postos de saúde. “Porque não compra remédio, soro, gases e que faltava? Quantas pessoas não deve ter morrido por falta de remédio para diabete e pressão alta?”, questionou.

Ao final do depoimento, o vice-prefeito afirmou que a denúncia ‘não é o fim e sim o começo’, insinuando que irregularidades serão descobertas caso haja uma auditoria nas contas da prefeitura “Se você seguir o dinheiro, encontra todo mundo. Esconder dinheiro é a coisa mais difícil do mundo. Pega as pessoas envolvidas nisso e vamos ao cartório, aos vendedores de carro, etc”, finalizou.

‘Uma bomba’, diz oposição

O vereador Dudu (PT) que atua como oposição do prefeito, afirmou que Robert Rios entregou uma verdadeira bomba e reiterou que a meta da comissão é investigar e resolver os graves problemas da saúde pública de Teresina.

“Não dá pra gente ficar aqui de braço cruzado, sabendo que a gestão da saúde passou por um abalo desse. Foram graves denúncias dentro da gestão colocadas aqui pelo vice-prefeito. Não dá pra gente saber que hoje morre gente de Teresina por falta de insumo, medicamento e de esparadrapo dentro do Hospital de Urgência de Teresina (HUT). Temos que tomar providências o quanto antes. Não dá para esperar pelo término da investigação para tomar alguma medida”, disse.

Dudu destacou ainda que o Ministério Público, a Polícia Federal e o Tribunal de Contas auxiliarão nas investigações.

” São os fiscais do povo e mais do que nunca não podemos aqui vacilar e muito pior prevaricar. Nós precisamos convocar todos os envolvidos, pois estamos diante de uma denúncia grave. Ex-servidores, ex-coordenadores e o ex-presidente da FMS serão os primeiros convocado para virem conversar. Essa comissão foi criada e é coisa séria. São denúncias gravíssimas e eu particularmente não vou comentar o crime de prevaricar as minhas funções. Vou até as últimas consequências pra que a gente possa trazer a luz ao final do que foi dito”, ressaltou.

Fonte: G1PI

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